Entenda quais são os processos e características que fazem esse tipo de grão proporcionar uma experiência única
O café é mais que uma bebida que melhora a sua disposição: degustá-lo também pode ser uma experiência sensorial. Os sabores e aromas são parte importante desse processo. E esses são só alguns motivos pelos quais investir em um café tipo especial pode ser uma boa ideia.
Mas você sabe o que faz com que um café seja especial? Geralmente a definição tem a ver com a qualidade do grão que, por sua vez, está relacionada com as condições de plantio, colheita, separação, embalagem e armazenamento, para dizer apenas alguns dos fatores de influência.
Em geral, cafés que atingem qualidade e sabor para serem classificados como especiais precisam ser plantados na altitude certa, num bom solo, na estação do ano mais indicada e com o tempo de colheita e torra perfeitos. Cada fator é fundamental para o resultado do produto final.
80 pontos é o mínimo
Definir o que torna um café especial é uma tarefa que envolve muitos fatores, incluindo todo o processo de produção daquele grão até chegar ao consumidor final. Fatores ambientais, como não desmatar, e sociais, como oferecer boas condições de trabalho para a mão-de-obra, são levados em consideração, por exemplo.
No entanto, também existe uma metodologia de avaliação sensorial internacional, que deve ser seguida para classificar o café. Numa escala que vai até 100 pontos, um grão precisa ter nota de pelo menos 80 para ser considerado especial. Quem dá essa nota, geralmente, é um degustador de café certificado.
Essa metodologia é definida pela Specialty Coffee Association (SCA), a maior referência do setor no mundo. No Brasil, ela é representada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), com a qual tem um convênio e desenvolve projetos em parceria, incluindo a certificação dos cafés.
Após degustar o café, o certificador deve apresentar um conceito final, que pode ser influenciado por seu gosto pessoal, ou seja, é um critério subjetivo. Todos os outros, no entanto, são bastante objetivos e têm sua nota baseada na perfeição de cada um dos seguintes atributos, com base em conceitos científicos:
- uniformidade da bebida;
- fragrância/aroma;
- ausência ou presença de defeitos;
- sabor;
- acidez;
- doçura;
- corpo;
- finalização;
- harmonização.
O resultado total da avaliação nada mais é que a soma dos valores de cada atributo e o critério definidor para um café ser ou não considerado especial é a nota. Um café que tem nota entre 100 e 90 é considerado exemplar. Entre 85 e 89, excelente e entre 85 e 80, ainda muito bom, ou seja, dentro da categoria dos especiais.
Isso não quer dizer que um café que receba nota menor do que 80 seja ruim, ele apenas não alcançou a pontuação mínima para ser considerado especial.
Arábica ou Conilon?
O Brasil é um dos maiores produtores de café do mundo e planta, basicamente, duas espécies de café com potencial para serem classificadas como especiais: o arábica e o conilon. O primeiro é mais doce e deve ser produzido em alta altitude. O segundo pode ser plantado no nível do mar, mas tem uma doçura menor.
Em geral, o café arábica fornece uma experiência sensorial mais complexa que o conilon. No entanto, a segunda espécie é mais resistente a pragas, o que faz com que muitas vezes o produto final consiga mais qualidade. A verdade é que são dois produtos diferentes e a resposta de qual é melhor também depende do gosto.
Vale a pena?
Os cafés especiais costumam custar um pouco mais caro que os tradicionais, mas essa comparação pode ser tanto injusta, já que os critérios que garantem a excelência do especial tornam a produção mais dispendiosa. É assim com qualquer produto: se a qualidade é diferente, o valor também é.
O mercado de cafés especiais está em ascensão em todo o mundo, o que pode significar que os consumidores estão ficando mais exigentes e que, em breve, os cafés que não prezam por qualidade vão perder espaço. Se você é um amante da bebida, vale a pena investir em qualidade, sim. Faz diferença na experiência!