Alimentação intuitiva

Alimentação intuitiva: prática busca equilíbrio e respeito com o corpo

Método natural ainda causa pânico em quem procura a “estética perfeita”

Desde pequenos, nós conhecemos a regra básica: tenha uma alimentação saudável e faça exercícios físicos. Porém, por mais simples que isso possa parecer, colocá-la em prática é um grande desafio para muitas pessoas, e não é nem um pouco difícil notar isso, basta uma simples pesquisa nas redes sociais para nos depararmos com dietas extremamente restritivas ou o total oposto, um mundo de junk food.

Muitos passam a infância com restrições alimentares e familiares que condenam o açúcar, enquanto outros têm o privilégio da frase: “É criança, fica com vontade e precisa aproveitar”.

O fato é que é na primeira infância que os hábitos alimentares são formados, e é nesse momento que legumes, verduras e frutas devem ser inseridos.

Contudo, de acordo com a nutricionista Nicole Ezemplari, todo costume pode mudar quando se cria responsabilidade pelo próprio corpo. Então, se você é uma daquelas pessoas que ainda torcem o nariz quando veem uma folha no prato, precisa conhecer a alimentação intuitiva, a opção que busca equilíbrio para o corpo, mas também para a mente. 

A especialista explica que o método é o natural da raça humana, e trata-se de ouvir e entender suas necessidades, levando em consideração os benefícios do alimento, a saciedade e o bem-estar, uma maneira de fazer as pazes com a comida e respeitar os seus limites. 

“A alimentação intuitiva é o ato de viver uma vida sem o ciclo de dietas fixas, aprendendo a se alimentar conscientemente, sem culpa, de forma saudável. Para chegar a ela, a pessoa precisa se desprender das calorias e parar de rotular alimentos como bons e ruins”, explica. 

Ou seja, tudo bem comer um doce depois de um prato com alimentos ricos em carboidrato, nutriente que causa medo em tantas pessoas, quando ele nada mais é do que a principal fonte de energia para o corpo humano, evitando fraqueza, irritabilidade e até sintomas de depressão.

“A alimentação intuitiva não exclui a informação nutricional. É muito importante que a pessoa entenda cada grupo alimentar, para que saiba, inconscientemente, qual seria a melhor opção para ela. O acompanhamento profissional vem para trazer informação, sem um cardápio padrão”, alerta Nicole.

Mais do que isso, ela reafirma a razão da dificuldade de tantas pessoas para seguir o que deveria ser o normal de todo ser humano: “Hoje existe uma pressão estética absurda. Além disso, temos informações em relação à tabela nutricional alimentar que não eram conhecidas antigamente, fazendo com que a pessoa fique obcecada por números em relação a carboidratos, gorduras e proteínas. Há um policiamento alimentar vindo de todos os lados, o que não ajuda nesse caso.”

E, para quem passa longe de dietas e somas de calorias, a nutricionista afirma que tudo bem comer um docinho todos os dias se você realmente desejar, até porque comida também é um bem-estar mental – o importante é entender a frequência do ato.

“É legal pensar em outros prazeres na sua vida, como exercício físico, uma boa conversa, músicas, séries e livros, por exemplo. A comida não pode ser a sua única fuga da realidade.”

Aos que se interessam, existem alguns princípios para chegar a alimentação intuitiva: “Honrar sua fome, rejeitar a mentalidade da dieta, fazer as pazes com a comida, desafiar o policiamento alimentar, afugentar as opiniões alheias, redescobrir sua satisfação em comer, respeitar sua saciedade e respeitar o seu corpo, levando em consideração seus sentimentos, sem utilizar a comida”, declara. 

Na prática, Nicole aconselha: “Comece esse processo evitando distrações durante a alimentação: evite mexer no celular, ver TV, estar em frente ao computador. Tente prestar atenção absoluta no sabor, textura, cor e mastigação daquela refeição. Coma quando sentir fome, com a percepção de estômago vazio, e se atentando para os horários das refeições.”