Descubra alguns filmes politicamente incorretos

Descubra alguns filmes politicamente incorretos

Nos últimos 15 anos, tem havido uma preocupação forte da indústria cultural sobre a possibilidade de ofender determinados grupos. Nada contra essa iniciativa, até porque o público mais velho achava algumas coisas normais só porque eram assim desde sempre, mas é curioso conferir algumas produções do passado que tocaram em alguns temas espinhosos onde poucos ousariam fazer uma comédia. Normalmente, nos referimos a esses exemplares como politicamente incorretos. 

Filmes que não seriam produzidos hoje

Pensando no termo “politicamente incorreto”, os exemplos mais lembrados são comédias que esbarraram em alguns limites que, mesmo na época, irritaram muitas pessoas. Hoje, é provável que nem vissem a luz do dia, mas também houve exemplares menos escrachados, que também mostraram imagens com potencial de indignar muita gente atualmente, tamanha a preocupação hoje em torno dos conteúdos exibidos em tela. É muito barulho por nada? Pode julgar por si mesmo através dos filmes politicamente incorretos abaixo:

1 – Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América

Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América

Personagem de uma esquete de TV, Borat conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo em 2006, quando seu longa metragem estreou. Criação do inglês Sacha Baron Cohen, que também o interpreta, Borat é uma brincadeira com o choque cultural, já que trata-se de um repórter do Cazaquistão nos EUA, entrevistando pessoas desavisadas na rua, o que torna a produção um falso documentário.

Conheça:

Obviamente, Cohen carrega nos maneirismos de Borat, com vários comportamentos que são supostamente ingênuos e comuns no Cazaquistão, mas soam absolutamente grosseiros e constrangedores. A ideia é apresentar esse lugar como atrasado e sujo, o que não é de estranhar que tenha causado um mal estar nos verdadeiros habitantes de lá. Pode ser até engraçado, mas ninguém gostaria de ver seu próprio país zoado desta forma. 

2 – Ted

Ted (2012) – Trailer Legendado

Um urso de pelúcia fofinho, que é uma imagem atraente para crianças, agindo como um adulto desbocado e grosseiro. A ideia é interessante pelo contraste nesta criação de Seth MacFarlane, conhecido por Uma Família da Pesada e suas tiradas politicamente incorretas. Ted, o urso, ganhou vida a partir do desejo de seu dono, tornando-se seu melhor amigo por toda vida, mas esta é uma história em que a amizade será posta à prova quando é preciso encarar responsabilidades da vida adulta.

Apesar da mensagem óbvia, o filme investe na divertida depravação de Ted, o que é realmente a razão de ser da história. E dá-lhe momentos de vergonha alheia protagonizados por um personagem cuja imagem não poderia estar mais destoante de seu comportamento.  

3 – O Panaca

The Jerk (1979) | Official Trailer | Screen Bites

A clássica jornada de alguém que se despede de sua terra natal e família, em busca do sucesso. O problema aqui é que a pessoa em questão não se destaca pela sua inteligência, o que o filme já deixa claro no início, pois estamos falando de Steve Martin, adotado em uma família negra, mas sem desconfiar que não é filho biológico. A trajetória de um completo idiota ingênuo em situações hilárias é explorada da forma mais debochada. 

Um filme que faz graça dentro de uma situação absurda, já que dificilmente você encontraria alguém tão incapaz quanto nosso protagonista aqui. Porém, o filme trabalha com inúmeros estereótipos, inclusive raciais, o que o torna um produto de uma época onde quase ninguém ligava muito para potenciais ofensas em filmes. Hoje, talvez a premissa pudesse ser reaproveitada, mas seria muito suavizada. 

4 – Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu

Um marco para uma geração que lia Mad e curtia piadas em profusão a cada quadro. O trio ZAZ – David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker – foi revelado ao mundo com esse filme, satirizando a onda de filmes catástrofe onde os três criaram uma tipo de comédia delirante com inúmeras tiradas nonsense. A partir de uma premissa onde um passageiro traumatizado precisa pousar um avião depois de um problema com os pilotos, as piadas não param.

Um caso  em que 90% do conteúdo do filme é ofensivo para as plateias de hoje, pois não faltam brincadeiras de cunho racial, pedofilia e outros tópicos sensíveis. Realmente, é incrível como tudo era permitido naquela época. 

5 – Dr. Fantástico 

Dr. Strangelove (1964) Trailer #1 | Movieclips Classic Trailers

Stanley Kubrick exibia sua grandiosidade como cineasta também na versatilidade, já que fez filmes muito diferentes entre si. No ano de 1964, a Guerra Fria mantinha o mundo em estado de constante apreensão, mas o diretor encarou a tarefa de fazer graça com esse tema sensível. Assim, a adaptação de Dr. Fantástico apresentou militares com saúde mental questionável, políticos obtusos e cientistas bem pouco éticos, para dizer o mínimo. 

Brincar com um holocausto nuclear é para poucos, o que deve ter feito algumas pessoas rirem de nervoso, mas o filme se sagrou com um dos grandes momentos do cinema. Uma crítica mordaz ao cenário mundial da época, que continua atual graças a um texto afiado e personagens inesquecíveis. 

6 – Laranja Mecânica

Laranja Mecânica | Trailer Legendado – 1971

Saindo da comédia, voltamos a Kubrick em um filme que tem lá sua dose de ironia, mas é muito contundente em seu efeito por conta da violência gráfica. Laranja Mecânica marca seu público não somente por mostrar Alex DeLarge e sua gangue, cuja diversão é roubar, espancar e estuprar, como retrato de uma geração. O fator mais incômodo é colocar Alex em uma condição de vítima em determinado momento. 

Voluntário em um programa de condicionamento para deixá-lo refratário à violência, o rapaz é submetido a um tipo de tratamento questionável, devolvendo-o para o convívio social sem condições de adaptar-se. Uma forma de expor a arbitrariedade de um governo, que pouco se importa com seus cidadãos. Um filme que precisa ser constantemente visto e revisto, pois não perdeu sua força textual. 

7 – A Vida de Brian

Trailer: A Vida de Brian

Mais um caso de humor delirante, desta vez feito por ingleses. O grupo Monty Python possui um humor muito particular e aqui, em seu segundo longa, voltou seu foco para nada menos que Jesus Cristo. A Vida de Brian segue o personagem do título, do momento de seu nascimento em uma manjedoura vizinha à de Jesus, até seus derradeiros momentos na cruz. Marcado pelo fato de estar no lugar errado e na hora errada, além da vontade de se rebelar contra os romanos, Brian tem uma jornada das mais azaradas.

Uma sátira impiedosa não somente aos filmes bíblicos, mas também ao próprio cristianismo no seu sentido religioso e histórico. Só foi produzido porque o ex-Beatle George Harrison pagou a produção, o que foi um verdadeiro milagre para o grupo. Convenhamos que, comercialmente, esse era um filme arriscadíssimo. Ainda bem que foi feito!

8 – Quem Vai Ficar Com Mary? 

Clip – Quem vai Ficar com Mary? (1998)

Os irmãos Farrelly foram muito populares nos anos 90 e começo dos 2000. Aqui, uma premissa de comédia romântica é a desculpa para que eles soltem uma torrente de piadas ofensivas. O filme acompanha um protagonista que carrega a mágoa de não ter conseguido ir ao baile de formatura do colégio com sua garota dos sonhos, simplesmente porque o zíper de sua calça enroscou em sua bolsa escrotal. Um detetive entra em cena para encontrá-la, mas o problema é que todos se apaixonam por Mary quando a conhecem.

A partir de então, o público ri das tramoias envolvidas por todos que desejam Mary, mas a cara de pau dos realizadores é inadmissível hoje. Encontramos aqui piadas sobre deficiência mental e física, sêmen, países da América Latina e alguns outros assuntos encaixados nesta trama básica. 

9 – Lua de Papel

Lua de Papel (Paper Moon, 1973) – Trailer

Um dos grandes filmes da Nova Hollywood, que compreende o período entre 1968 e 1981, momento em que a liberdade era grande, mesmo entre produções de grandes estúdios. Lua de Papel não era um filme politicamente incorreto na época, mas acabou se tornando ao ser visto pelo público de hoje. Afinal, vemos um pai que sobrevive de aplicar pequenos golpes, seguindo assim mesmo em um momento em que precisa ficar com sua filha pequena. 

Sem julgar essa forma de sobrevivência, o filme ainda mostra a criança fumando, enquanto segue os passos do pai nos delitos. A pequena Tatum O’Neal até ganhou um Oscar pela sua atuação, em um filme prestigiado em sua época. 

10 – Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar

Tudo o Que Você Sempre Quis Saber… – dublagem Herbert Richers

Antes da consagração, Woody Allen investia em comédias que traziam um tom mais leve, apesar de afiadas no texto. Aqui ele propôs uma coletânea de pequenas histórias que investigam taras de todos os tipos, até mesmo o que pode ser considerado como doença mesmo. É um filme inofensivo e engraçado no fim das contas, mas alguém que quisesse fazer algo parecido hoje poderia ter problemas.

Para quem não viu, prepare-se para encontrar piadas que envolvem crossdressing, zoofilia, afrodisíacos, seios gigantes e outras maluquices de uma época diferente. Divertido, mas é preciso assistir com o espírito do tempo em que foi produzido. 

11 – South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes

South Park – Maior Melhor e Sem Cortes (1999) [Trailer Oficial]

O deboche e a liberdade com que o texto de South Park vem sendo escrito, há mais de duas décadas, surpreende muito. Trey Parker e Matt Stone criaram uma marca lucrativa em cima de tirar sarro de tudo e todos sem piedade. Lançado no começo dos anos 2000, este longa da série começa com um filme canadense que os garotos assistem, mesmo ele sendo proibido para menores. Influenciados por ele, começam a falar palavrões, escandalizando a cidade.

A solução é começar uma campanha contra o país vizinho, mesmo que isso não faça sentido. Assim é criada a piada com a cultura do Canadá, o que já não pega bem hoje, mas arma-se o circo para ridicularizar o que der na telha, inclusive religiões. Muita barbaridade para quem gosta realmente do politicamente incorreto.